Baseado em fatos reais, o drama “Lion – Uma Jornada para Casa” é um filme que nos desperta empatia e compaixão logo nas primeiras cenas. Afinal, quem não teria pavor de se perder da família com apenas cinco anos de idade?
Esse é o destino do pequeno indiano Saroo, que se perdeu do irmão numa estação de trem de Calcutá. Sem conseguir se comunicar com outras pessoas nem explicar onde mora, a criança vive um pesadelo para sobreviver e acaba sendo adotada por uma família australiana.
O filme é dirigido por Garth Davis e estrelado por Dev Patel e Nicole Kidman. Além de conquistar o público e a crítica, “Lion” também recebeu seis indicações ao Oscar em 2017, incluindo Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Dev Patel) e Melhor Atriz Coadjuvante (Nicole Kidman).
Constelações e adoção
O que torna “Lion” tão especial é a maneira como aborda a adoção de crianças, mostrando a importância de respeitar a família de origem e as ordens do amor. Como explica o professor Mario em sua análise do filme (veja vídeo abaixo), a adoção deve ser motivada pelo amor pela criança e não por outros interesses, como substituir um filho que morreu ou salvar um casamento.
Embora a família adotiva seja amorosa, Saroo não consegue superar a separação de sua família biológica e tenta descobrir, obsessivamente, onde fica o lugar onde vivia. Aos 25 anos, ele decide retornar à Índia em busca de sua família de origem.
Visão de Hellinger
Bert Hellinger se debruçou sobre o tema da adoção e fez importantes contribuições. Destacou a importância de honrar a conexão entre a criança adotada e sua família biológica, mesmo que, aparentemente, ela “não tenha se importado com a criança”. Afinal, os pais biológicos lhe deram a vida.
“Lion” é um filme que nos ensina a importância da empatia, da compaixão e do respeito às origens.
Meditação da despedida
Esse é o título que Hellinger dá a meditação a seguir, que adaptamos do livro “O amor do espírito” (ed. Atman), para ajudar a criança adotada a se despedir dos pais biológicos, com amor. Esse processo é feito em duas etapas: concordar plenamente com tudo que foi dado por eles e renunciar a algo mais para sempre.
- Fecha os olhos e imagine seus pais biológicos.
- Você os vê como seres que foram tomados a serviço por uma força maior para lhe dar a vida.
- Você se curva profundamente diante dessa força e se entrega totalmente a ela.
- Diga mentalmente e com seu coração que aceita a vida que recebeu por meio de seus pais e a carrega com honra.
- Olhe para sua mãe e diga que aceita tudo dela, pelo preço total, e que ela sempre será sua mãe.
- Olhe para seu pai e diga que aceita tudo dele, pelo preço total, e que ele sempre será seu pai.
- Reconheça a conexão que seus pais têm com seus próprios pais e sua história familiar.
- Entregue-se à força maior que movimenta tudo e agradeça por tudo que recebeu por meio de seus pais.
- Agora deixe seus pais lá, da maneira como foram tomados pela força maior, com amor.
Perdas simbólicas
Outra narrativa pode nos capturar dentro da história de Saroo é a de nossas próprias perdas, simbólicas ou não. Estamos, quase sempre, ainda que inconscientemente, em busca de nossa família de origem, daquilo que excluímos dela, que deixamos para trás e hoje se apresenta na falta de recursos, de forças e da própria aceitação da felicidade.
A boa notícia é que, a qualquer momento, nós podemos retornar e incluir tudo e todos que nos faltam, porque eles seguem vivendo em nós.
Veja uma leitura mais profunda, feita pelo professor Mario, desse grande filme.