Por Adriana Bernardino

A tendência de repetir padrões infelizes de relacionamento pode ter origem nas histórias de amor vividas por nossos pais, avós e até bisavós.

Essa ideia, embora não seja nova no campo das psicoterapias, ganhou força com a visão do pensador alemão Bert Hellinger, pai das constelações sistêmicas, que propôs uma nova leitura dos porquês as repetições acontecem.

De acordo com o psiquiatra e psicoterapeuta Mario Koziner, professor de cursos de formação em constelação sistêmica, uma das razões para a repetição é a necessidade inconsciente de pertencimento à família de origem. 

“Todos nós trazemos em nosso ser uma necessidade profunda de pertencer, e acreditamos que a forma de fazer isso é seguir um destino parecido ao de outros membros de nossa família, especialmente o de pais e avós. Claro que essa não é uma dinâmica consciente. Se fosse, teríamos mais autonomia sobre nossas escolhas”, diz o psiquiatra. 


Fidelidade à infelicidade no amor

Autor do livro “Ciclo de excelência do constelador”, Koziner explica que o problema pode estar no modo como o relacionamento anterior de nossos pais, avós e, às vezes, até bisavós, terminou.

“A dor causada por um abandono, por um rompimento desrespeitoso, pelo não reconhecimento de tudo que foi trocado pelo casal, de bom e de ruim, estaria na raiz da necessidade de repetição. É como se nossa infelicidade pudesse compensar aqueles que sofreram para que nossa família seguisse adiante”, explica o psiquiatra.


Luz no fim do túnel

infelicidade-no-amor

Um dos caminhos de solução para o problema das repetições de infelicidade no amor – que, na visão sistêmica, é chamado de emaranhamento – é, segundo Koziner, a inclusão e o reconhecimento dos que vieram antes. 

O que faz a diferença é nossa postura interna. Podemos nos sentir mais liberados para sermos felizes quando aceitamos e respeitamos o destino daqueles que vieram antes de nós, tal como foi, sem julgar, sem ter pena, sem excluir. Não fosse pelo que não deu certo com eles e, com nossos relacionamentos anteriores, nem eles nem nós poderíamos viver uma nova oportunidade”, finaliza Koziner.