Dentro da constelação que compõe nosso “Ser” (O inapreensível em nós, aquilo que conseguimos vivenciar, mas não descrever totalmente) há um aspecto, um arquétipo, que podemos chamar de “criança interior”.

Segundo Carl Gustav Jung, o pai da Psicologia Analítica, arquétipos são as imagens mentais que guardamos em nosso inconsciente coletivo, que estão enraizadas na parte mais profunda da mente humana e que se reflete em nossa forma de ser e agir.

Todos nós temos uma criança interior. Afinal, todos já fomos crianças. Quando expressamos nossa capacidade de criar e brincar, estamos dando vazão a nossa criança interior. Ela é o aspecto de nosso ser que revela a inocência, a pureza, a espontaneidade, a ludicidade.

A criança também esconde uma sabedoria, porque a criança é aquilo que está chegando ao mundo, que vem de outro mundo e traz toda uma sabedoria perene, milenar, eterna. Ela está mais “fresca” consigo mesma, porque ainda não se “engavetou” na cultura.

Se reunir com a nossa criança interior, é se reconectar
com a fonte da criatividade.

 

Quando uma pessoa faz constelações familiares, seja qual for o problema dela (afetivo, profissional ou existencial), ela traz uma “criança ferida”, há uma ferida no seu Ser.

Essa criança pode ter passado por abandono, traumas, problemas emocionais sérios. Falando sistemicamente, ela está fora das Ordens do Amor no sistema familiar.

 

O que a constelação pode fazer pela criança interior?

Primeiramente, observar como a criança está posicionada no seu sistema familiar de origem.

A constelação também, na mesma sessão, trata de ver se o sistema familiar facilita que essa criança se posicione em um lugar de mais força, de mais empoderamento.

Se a pessoa consegue fazer uma constelação ecológica, onde recupere sua força, sua criança interior vai sanando. Pode se sentir incluída e reconhecida. Não se sente maior do que os pais; se sente menor, como filho.

 

Quando a criança interior sente que está incluída e em sua devida ordem hierárquica (como filho),
está apta para tomar a força dos pais e com ela criar sua vida.
Então, o Ser brilha.

 

Esse é o processo que fazemos nas constelações familiares e que ensinamos em nossos cursos de formação: ajudar as pessoas a se reconectar com sua criança interior para que seu Ser, brilhe.

 

Convido você a ser conduzido por mim através da meditação guiada abaixo, ao universo do seu Ser, de sua natureza interior; para conversar com sua criança.


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Meditação da criança interior

  • Sente-se ou se deite de modo confortável. Sentado, mantenha a coluna ereta e não cruze as pernas, isso para manter o contato dos pés no chão. Deitado, fique de barriga para cima, braços estendidos ao lado do corpo. Em qualquer uma das posições, encontre um estado de conforto e alívio;

 

  • Desligue seu celular como um símbolo de se desligar de seu mundo externo;

 

  • Perceba seu corpo: pés, cabeça, mãos, pontos de apoio na cadeira ou na cama;

 

  • Não faça grandes esforços, apenas sinta as sensações (como estão seus pés? Pesados, leves, um pé pesa mais do que o outro? Perceba o mesmo com as panturrilhas, joelhos, coxas etc.). Observe também a temperatura do seu corpo;

 

  • Não queira mudar nada, só observe;

 

  • Perceba sua respiração. Você respira mais pelo nariz ou pela boca? Ao inalar, expande a barriga ou chega até o peito?

 

  • Há algum tipo de dor nas costas?

 

  • Vá chegando a você mesmo;

 

  • Agora, deixe entrar um pouco mais de ar pelo nariz. Inale pelo nariz, expandindo bem a barriga, preenchendo o tórax, o peito e os ombros. Depois solte o ar pelo nariz e pela boca;

 

  • Ao soltar o ar, solte também as tensões, como se se afundasse na poltrona ou na cama, soltando o peso. Em cada exalação, solte um pouco mais;

 

  • Faça esse movimento pelo menos umas três vezes seguidas, bem profundamente. Assim, o corpo físico vai relaxando;

 

  • As emoções vão se acalmando também, como quem chega a um lugar bem calmo. Por exemplo, na natureza. Imagine uma paisagem, as formas dessa natureza, aquela que surgiu da sua própria intuição, a que se apresentar aqui e agora;

 

  • Você pode ver ou sentir simplesmente, sem imagens, ou ouvir algum som (quem sabe da água, dos pássaros ou do vento) que te conecte com a natureza; um lugar onde você já esteve ou gostaria de estar, um lugar bem pacífico. Observe as cores, as formas;

 

  • Trate de perceber aquilo que está no silêncio desse lugar, como se pudesse adentrar mais e mais na essência, no espírito da natureza, da sua natureza interior;

 

  • Inale novamente pelo nariz, bem profundamente; e solte mais uma vez pelo nariz e pela boca, num símbolo de “aqui eu posso confiar”, “aqui minha alma está protegida pelos espíritos da natureza, na minha natureza interior”;

 

  • Busque um lugar ainda mais especial, como se entrasse no templo interior de sua essência, quem sabe embaixo de uma árvore, com uma fogueira a sua frente; enfim, aquilo que sua intuição apresentar, sem questionar;

 

  • Inale, falando para você: “sim”, mesmo que não tenha lógica. O que está se manifestando é a linguagem da alma: “sim”;

 

  • Agora, protegido pela natureza do lugar, surge um habitante desse lugar, do universo de sua essência, de sua alma. Vamos chamar esse habitante de sua “criança interior”;

 

  • O que se apresentar está bem, não tem que ser diferente;

 

  • Aceite a figura, a imagem, a lembrança ou a cor que surgir, seja agradável ou não. Isso é julgamento, mente concreta; e sua alma está chamando o arquétipo da mente abstrata, o símbolo, tudo que representa sua criança interior;

 

  • Ela ou ele vai se aproximando de você, como se tivesse um encontro marcado nesse dia e hora, para poder conversar, ficar frente a frente;

 

  • Você, hoje adulto; e sua criança, atemporal, aquela que condensa muitas recordações ou sentimentos, silêncios, segredos, poesias, histórias, anseios, sonhos, aquela que sempre nos acompanha como um planeta da constelação pelo mundo interno, um integrante dessa dimensão espiritual, um conselheiro que traz uma perspectiva, um olhar um pouco diferente, porém sábio;

 

  • Escute o que sua criança tem para te falar aqui e agora. Quem sabe você não está acostumado a falar com sua criança interior, mas o que escutou, o que sente além da lógica, da dúvida, tome como uma hipótese, uma suposta verdade;

 

  • Inale e deixe entrar sem contestar. E se tiver alguma pergunta, faça. Assim você pode iniciar um diálogo com sua criança interior;

 

  • Como você vê essa criança interior, como é para você? Qual figura, forma, cor, estatura tem? É maior ou menor que você? Como ela se sente? Como está olhando para você? Coloque-se no lugar dela, olhando para você. Como ela se sente quando olha para você? E como se sente você?

 

  • Pergunte se há algo que ela quer de você a partir de hoje na sua vida: “criança, há algo que você quer de mim que eu não tenha te dado ou não esteja te dando?”. “O que eu posso fazer para seu bem-estar, para seu cuidado, para que você brilhe mais e mais?”;

 

  • Pergunte também: “isso que você quer de mim, e que eu decido começar ou continuar dando, em que consiste? O que deixo de fazer ou começo a dar?”

 

  • Vai se configurando uma espécie de compromisso mútuo para o bem-estar comum. No final das contas, são as duas faces da mesma moeda, duas facetas da própria alma, que vão ganhando força, poder pessoal;

 

  • Se quiser, comprometa-se a fazer alguma coisa prática do dia a dia juntos; o que for, porque a essência não tem forma. Pode ser um gesto, uma lembrança, uma atitude consigo próprio ou com os outros, um simples ato como dar um bom dia ou um sorriso. O importante é que a criança apareça através desse adulto como uma expressão do seu Ser;

 

  • Fechando o acordo, pergunte-se: “como estou me sentindo agora?”. Também pergunte a sua própria criança: Como está se sentindo?

 

  • Olhando juntos para um futuro em comum, na direção de um amplo horizonte que aparece na sua frente, vocês caminham para ele, vão se aproximando, pouco a pouco;

 

  • Esse futuro também caminha na sua direção, até se fundirem: futuro e presente. Não é mais futuro, é presente. Afirme o que você sente nesse momento. Uma palavra viva. Você e a criança; a criança e você: uma mesma coisa;

 

  • Eu sou… Sinto… Estou… Afirme o que você sente, o que vocês sentem juntos;

 

  • Deixe que venha uma frase que coroe toda essa experiência;

 

  • Parabéns! Você acaba de ficar um pouco mais próxima de sua essência.

 

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