“Um casal já maduro estava participando de um curso de desenvolvimento pessoal. Na primeira noite a mulher sumiu, só reapareceu na manhã seguinte, postou-se diante do marido e lhe disse: “Passei a noite com meu amante”. Com as outras pessoas essa mulher se mostrava atenciosa e interessada, somente diante do marido ficava fora de si. Os outros não conseguiam entender por que ela era tão má para ele, tanto mais que ele não se defendia nem se exaltava.
(Bert Hellinger)

 

Por que algumas pessoas traem? Um das respostas que mais ouvimos é: “porque elas não têm caráter” (ou julgamentos desse tipo).  Será? Com um olhar um pouco mais aprofundado – como o que vivenciamos nas constelações familiares – observamos que as dinâmicas que permeiam as traições não são tão lineares quanto parecem.

Se quisermos realmente nos liberar de posturas que nos levam às infidelidades – seja no papel de quem trai, seja no papel de traído – vamos ter de olhar mais cuidadosamente para nossa história e dinâmicas internas.

No exemplo dado por Hellinger (in “O amor do espírito”,  ed. Atman), descobriu-se que a mulher infiel, quando criança, “era mandada para o campo com a mãe e os irmãos, durante o verão, por ordem do pai.”

 

Enquanto isso, o pai dela ficava na cidade com sua amante e, às vezes, ia com ela visitar a família. Sua mulher os servia, sem queixas nem recriminações. Ela reprimia sua raiva e sua dor, e os filhos percebiam isso.

 

“Eu me vingo por você, querida mamãe”

Quando os inocentes preferem sofrer a tomar uma atitude – nesse caso, a ação deveria ter sido a mãe mostrar sua raiva ao marido, o que resultaria em uma separação ou recomeço – o número de “vítimas e culpados” tende a aumentar.

“O que alguns chamariam de virtude heroica tem um péssimo efeito, pois, nos sistemas humanos, a raiva reprimida volta à tona mais tarde, justamente nas pessoas que menos podem defender-se contra ela”, explica Hellinger.

Para o criador das constelações, a filha traia o marido, seguindo duas lealdades inconscientes: uma, direcionada à mãe. Era como se ela dissesse: “eu me vingo por você, querida mamãe”; outra, por lealdade ao pai: “eu faço como você, papai”. Ou seja, a forma como ela demonstrava seu amor à mãe e ao pai era repetindo o comportamento deles.

Além dessa dinâmica – que Hellinger chamou de dupla transferência – há outras importantes que devem ser levadas em conta na infidelidade. Quer saber mais sobre esse tema?

Professor Mario Koziner abordou pontos imprescindíveis nessa masterclass, que podem ajudar você a repensar a infidelidade e a mudar sua postura nas relações.