No início de junho, Bono Vox, vocalista do U2, surpreendeu seus fãs ao contar, durante uma entrevista ao programa Desert Island Discs, da BBC, que tem um meio-irmão por parte de seu pai, Bob Hewson. A descoberta de Bono não é exatamente nova, mas é a primeira vez que ele a compartilha com seus fãs, incluindo, publicamente, o seu meio-irmão.

O vínculo dos meios-irmãos

Para Bert Hellinger, há duas formas de vínculo que geram pertencimento ao nosso sistema familiar, um deles é o vínculo de sangue. Estão nesse grupo:

  • Nossos bisavós, avós, pais, irmãos e meios-irmãos de nossos pais; nossos irmãos e meios-irmãos; nossos filhos, estejam vivos ou mortos.

A exclusão de um membro familiar, segundo observou Hellinger pode gerar sérios problemas para outros membros, que tendem a “representar” (geralmente com uma repetição) aquele que foi excluído. Vemos essa dinâmica com muita frequência nos trabalhos de constelações familiares.

Próximo da morte

Bono conta: “Perguntei se ele [o pai] amava minha mãe e ele disse que sim. Então eu perguntei a ele como tudo isso pode ter acontecido. E ele disse: “Acontece”. Ele não estava se desculpando, ele estava apenas dizendo que esses são os fatos”, disse Bono. Ou, para citar uma das frases sistêmicas da constelação: “foi como foi”.

O posicionamento do cantor diante da traição do pai e da existência do meio-irmão serve de exemplo para o que Bert Hellinger explica sobre posturas que emaranham e posturas que libertam. Aceitação e não julgamento estão na segunda opção. O que ganhamos com ela? Bono expressa: “Estou em paz com tudo isso.”

Maturidade

O cantor revelou também que, depois de anos de um relacionamento complicado com seu pai (a mãe de Bono morreu quando ele tinha 14 anos, vítima de um aneurisma), ele se deu conta de que o contexto em que o pai vivia não era simples. “Sua cabeça estava em outro lugar porque seu coração estava em outro lugar”, explicou.

Quando somos capazes de perceber que nossos pais são humanos e que, dentro do contexto deles, com as ferramentas e repertório que tinham, eles fizeram tudo que podiam, damos em salto em maturidade, crescemos e podemos, enfim, colocar nossos recursos internos, inclusive a nossa dor, a serviço da vida e da nossa missão.

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