Por Felipe Azevedo.
Há muitos e muitos anos que essa história é uma demonstração de fé para os jovens de coração, e o tempo não conseguiu apagar o encanto de sua gentil filosofia…
Podemos sentir algo profundo e misterioso em toda obra literária que permanece viva ao longo do tempo. “O Mágico de Oz” (EUA, 1939), filme baseado no livro “The Wonderful Wizard of Oz ”, do teosofista norte-americano L. Frank Baum, é uma dessas obras eternizadas por sua genialidade.
Abaixo, você vai conhecer 12 bons motivos para assisti-lo e descobrir como ele pode ajudar você como constelador. Para isso, vamos analisar brevemente algumas das personagens essenciais e a simbologia de alguns elementos do filme.
Antes, um aviso: essa obra é rica em simbolismo e a nossa leitura é simplesmente mais uma entre todas as leituras possíveis. Dessa forma, nós exploramos mais plena e fenomenologicamente a riqueza da arte que, assim como a vida, dá lugar para todas as formas de interpretação.
1. Conhecer a si mesmo
Tomados pelo impulso natural da própria vida, quando nascemos buscamos instintivamente a nutrição no seio da nossa mãe. Não precisamos aprender a fazer isso, o movimento surge do âmago do ser.
Com esse mesmo impulso e com a força do amor de uma criança, tomamos também as crenças, costumes e cultura da nossa família de origem e do ambiente onde nos desenvolvemos. Por isso, adotamos um modelo de personalidade que seguimos com lealdade, mesmo que inconscientemente, durante toda a vida. Assim, permanecemos ligados no decorrer do tempo por um profundo laço de amor com aqueles que nos precederam.
O caminho do autoconhecimento nos permite começar a perceber mais conscientemente o que se passa em nós e ao nosso redor, como um “despertar” para o que somos. Então, reconhecemos aquilo que trazemos dentro, por amor, e que carregamos até hoje por lealdade.
Tomar consciência daquilo que a vida fez de nós é o primeiro passo para
definirmos o que nós faremos da vida.
2. Campo das constelações e as infinitas possibilidades
Reconhecer os diferentes veículos do próprio Ser – corpo, mente, emoções e essência; tomar consciência dessas partes e reunir nossas energias em uma postura meditativa.
Esses são os passos para poder penetrar profundamente no campo de possibilidades infinitas que é uma constelação sistêmica, na qual se revela a alma familiar daqueles que nos pedem ajuda – esse é o caminho para atuar como constelador. E é exatamente esse caminho que nós ensinamos no Instituto Koziner e que nos fez lembrar “O Mágico de Oz”.
3. Nossos enredos
No filme, um tornado atinge o estado do Kansas (EUA) e a casa onde Dorothy vive é levada pela força do vento para bem longe, indo parar em um lugar totalmente desconhecido.
Quantas vezes nós também já tivemos a sensação de que nosso mundo, tal como o conhecemos, “vai pelos ares?”
A cena em que Dorothy sai da sua casa para conhecer o novo lugar, assim como toda a obra, é belíssima e rica em simbolismo. Tente reparar na diferença entre as cores do interior da casa e as do exterior. Tente perceber a pergunta que está implícita nessa cena: “que lugar é esse?”.
Então, você consegue captar a sutil sugestão da trilha sonora? Uma dinâmica de comunicação direta entre a parte visual e auditiva do filme. Como uma integração de diferentes aspectos da mesma obra. Confira uma cena que ilustra essa integração clicando aqui.
4. O caminho de volta
E é aí que Dorothy inicia sua jornada de volta para casa – pelo caminho dos tijolos amarelos – em busca do Grande Mágico de Oz.
Nesse caminhar, ela encontra diferentes personagens, que passam a acompanhá-la, cada um com o objetivo de pedir ao Grande Mágico aquilo que lhes falta.
5. O Caminho dos tijolos amarelos
Esse caminho se inicia em espiral e conduz Dorothy ao seu destino. Podemos observar o caminho dos tijolos amarelos como a representação do caminho interior do autoconhecimento. A “jornada do herói”, como descreveu Joseph Campbell, ou o “meio dourado”, como chamam os budistas.
O formato em espiral do caminho dos tijolos amarelos remete ao formato do nosso DNA, em uma proporção exata que permeia toda a criação material.
6. Dorothy
Com sua bondade e pureza, Dorothy poderia ser a analogia da nossa ESSÊNCIA. Aquele amor genuíno e sabedoria que as crianças expressam naturalmente e que todos nós temos dentro.
“Mas não sou mais tão criança a ponto de saber tudo”
(Renato Russo)
Dorothy é a nossa luz. A nossa parte consciente que desperta para dizer “sim” e iniciar a jornada em espiral em direção aos encontros e descobertas de nós mesmos pelo caminho.
7. O Espantalho
Esse personagem é curioso. Suas primeiras falas no filme são:
– Esse caminho aqui é muito bonito.
– Mas por aqui também é bonito.
– … Pode ser por qualquer um!
Esta dualidade é característica da mente racional. A parte que analisa, filtra e organiza a nossa percepção de acordo com o que acreditamos ser bom ou ruim. O espantalho busca ter um cérebro, ou seja, o discernimento, a sabedoria.
O encontro de Dorothy com o espantalho poderia ilustrar o momento da formação em constelação familiar em que o aluno percebe e reconhece um dos aspectos primordiais do seu próprio ser: a Mente. A cena desse encontro você pode conferir clicando aqui.
8. Meditar
É por isso que trabalhamos com meditação. Observar nossos pensamentos como uma testemunha silenciosa, sem julgamento algum, para que, aos poucos, possamos perceber que nós temos pensamentos, mas nós não somos os pensamentos.
Então, como uma fuga transcendental de um labirinto de interrogações, aprendemos a acessar o poder do agora, a direcionar a força e a magia criativa da mente a nosso favor através da administração consciente. Nós oferecemos ferramentas para isso.
9. O Homem de Lata
– Eu seria afetuoso, eu seria gentil e terrivelmente sentimental (…)
se eu tivesse um coração – diz o Homem de Lata.
“If only have a heart”.
Dessa vez, Dorothy, acompanhada pelo espantalho, se encontra com o homem de lata, um lenhador com o corpo feito de lata, que estava enferrujado e sem movimentos há meses.
Antes de mais nada, é necessário adicionar óleo no corpo do homem de lata para que ele possa se mover e até falar. Isso é o que acontece com o nosso corpo físico quando passamos a vida inconscientes dele. Quando deixamos de ouvi-lo e, principalmente, de cuidá-lo.
Nossos traumas e experiências difíceis do passado tornam-se armaduras que carregamos diretamente no corpo físico. E, na correria do dia a dia, muitos mal param para perceber conscientemente esse corpo. O Homem de Lata poderia representar o Ser sem a presença da Essência. Aquele que se esqueceu de sua própria divindade e, com o passar do tempo, “enferrujou”.
“Quando o homem é uma chaleira vazia, ele deve ser o seu valor.”
If I only had a heart
O homem de lata também segue o caminho dos tijolos amarelos em busca do mágico que, talvez, possa ajudá-lo a sentir a vida, o pulsar do coração. O encontro de Dorothy com o Homem de Lata poderia ilustrar o momento da formação em constelações, em que o aluno percebe e reconhece mais um dos aspectos do seu ser: o corpo.
10. Movimento dos corpos
É por isso que trabalhamos com o movimento. O instrumento de trabalho do constelador é o corpo físico. Portanto precisamos “adicionar óleo” constantemente, ou seja, vitalidade e consciência em nosso corpo. Para isso, fazemos exercícios psicofísicos, meditações em movimento e a prática constante da consciência corporal como parte fundamental da formação.
“O que faz o passarinho defender o seu ninho? Coragem.”
If I only had the nerve
Transformar a si mesmo conduz o ser ao desconhecido, daí o medo. Não sabemos quem seremos depois de seguir no caminho da evolução. O Leão aparece na história como o arquétipo da CORAGEM.
O momento em que Dorothy encontra o Leão poderia representar a parte da formação em constelação familiar no qual o aluno percebe e reconhece mais um dos aspectos do seu ser: A Coragem (ação do coração).
É por isso que trabalhamos com inteligência emocional. Conhecer e administrar suas próprias emoções são habilidades essenciais para o constelador sistêmico.
Entre sentir a emoção e manifestá-la existe um milésimo de segundo, e é nesse espaço que podemos desenvolver inteligência emocional.
11. O Totó
Totó é um cachorro sempre atento, alertando Dorothy dos perigos do caminho. No filme da Pixar “Viva! A vida é uma festa” (2017) também pudemos observar a alegoria do animal de estimação como representação da força e proteção espiritual.
Sabe quando a intuição nos sopra no ouvido o caminho a seguir?
O Totó (força espiritual) foi quem guiou o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão (mente, corpo e emoções) até o castelo onde Dorothy (essência) estava aprisionada, na trama do musical.
É nesse momento do filme, inclusive, que cada um dos personagens descobre que tudo aquilo que eles buscavam já estava dentro deles o tempo todo. A forma como o diretor condensa essa síntese em apenas uma cena é absolutamente genial, confira:
12. Iniciando nossa jornada
O Homem de Lata, ao imaginar Dorothy trancafiada, chora, mostrando que tem coração. O Espantalho adverte: “Não chora agora não, hem! Não estamos com seu óleo aqui e você já está rangendo muito!”, mostrando que tem discernimento e sabedoria. E o Leão diz, muito seguro: “Vou entrar lá por Dorothy! Posso nem sair vivo, mas vou entrar!”, mostrando que tem coragem.
A moral aqui parece ser: Não há melhor lugar do que a nossa casa. Certo?
Tudo o que buscamos já está dentro de nós mesmos. Tudo. É por isso que conhecermos a nós mesmos é o pilar fundamental não só para nos tornarmos um constelador familiar, mas também para nos tornarmos seres humanos mais plenos e mais saudáveis em nossas relações.
Assim como Dorothy, nós também podemos iniciar a nossa jornada pessoal e ir (re)conhecendo no caminho cada vez mais quem somos.
Conclusão
A busca por amor, coragem e sabedoria é a chave que une esse clássico do cinema e da literatura com a atuação do Instituto Koziner.
Você pode trilhar o seu caminho dos tijolos amarelos, se quiser. Integrar e cuidar bem do corpo, da mente e das emoções para que sua essência possa repousar aos poucos em seu ser. Ser essência.
O Instituto Koziner está aqui para acompanhá-lo!
E, lembrem-se, meus amigos sentimentais: “Um coração não se julga por quanto você ama, mas por quanto você é amado pelos outros.”
Faz sentido para você? Deixe nos comentários.
Excelente contribuição!
Nossa, sem palavras, que texto luminoso e iluminado!!!
O autoconhecimento é a chave de toda luz…que nos faz “despertar “para o que somos,e enxergarmos o que não somos. E assim conquistar em nós às virtudes de humildade, honestidade, e a dignidade do ser.
Muito lindo! Sintese perfeira
Amei! Gratidão!
Interesante analogia. Eu vou asistir novamente ao film mas com novos olhos. Gratidão.
Muito boa esta análise. Adorei
Gratidão Maria Cristina!
Muito linda sua análise. Poética e maravilhosa. Obrigada por compartilhar seu olhar brilhante.
Trilhei o caminho dos tijolos amarelos no Instituto Koziner e sou infinitamente grata por todo o autoconhecimento!!! Me tornei uma facilitadora em constelação e amo o que faço!!
Que lindo e de grande sabedoria!
Eu já havia lido várias interpretações, que seguem no mesmo sentido desta trazida aqui. Entretanto, por óbvio, o fato de fazer a relação com o Constelador, nos remete ao mais profundo de nós mesmos, especialmente, quando ainda estamos à procura de “algo fora”, pensando que não estamos prontos para agir (para constelar), porém, a verdade é: está tudo dentro. Aquietar-se, respirar, observar-se e sentir – está tudo lá! Gratidão.
Conteúdo muito esclarecedor!
Excelentes ensinamentos!
Como sempre nos traz excelentes reflexões. Gratidão
Linda análise!!
Maravilhosa a visão sistémica do filme. Sou muito grata a tudo que aprendi com o Instituto Koziner. continuo trilhando o caminho dos tijolos amarelo. Gratidão Professores.
Muito bom!
Fantástico…sempre fui apaixonada por esse clássico…e assim que conheci a constelação também me apaixonei… mas nunca tinha feito essa correlação. Somos todos um, em busca de nós mesmos. Gratidão.