As pessoas utilizam a palavra ansiedade para uma infinidade de situações, como caracterizar estados emocionais diversos e apontar causas para certos fenômenos, sendo bastante empregada cotidianamente, o que acaba por banalizar seu verdadeiro significado. Frente a isso, o presente artigo pretende apresentar, de uma forma mais clara, o que realmente é a ansiedade, seus desdobramentos e possíveis caminhos para saber lidar com ela.

A disposição emocional que é permeada pela ansiedade pode ser caracterizada e identificada por meio de uma série de aspectos, porém aqui vale destacar alguns que se evidenciam com uma maior frequência, podendo ser observados externamente mesmo que sua origem seja em razão de um conflito interno.

 

  • Inquietação
    Muito característica da ansiedade, a inquietação se externaliza por meio de movimentos repetitivos e frequentes do corpo, como se algo estivesse incomodando o tempo todo.
  • Compulsão
    Outra evidência de um possível estado de ansiedade são as chamadas compulsões, que podem ser por alimento, drogas ou até mesmo situações do cotidiano, como limpar a casa.
  • Incômodos físicos
    Um terceiro aspecto que deve ser destacado, pois muitas vezes passa despercebido, são os incômodos físicos, como coração acelerado, respiração ofegante, exaustão física (mesmo sem ter realizado exercícios) e distúrbios do sono.
  • Preocupação excessiva
    O excesso de preocupação está bastante associado a uma sensação de insegurança e medo, e, que por mais que seja identificado, não é de fácil controle.

É muito importante tomar o cuidado de não reduzir a ansiedade a estes sintomas, pois o quadro que desencadeia essa disposição emocional é bastante complexo e envolve uma série de aspectos que se ligam à história individual de cada um. Entretanto nos atentarmos a esses aspectos destacados anteriormente é bastante significativo, principalmente no momento atual em que vivemos. Em razão da crise mundial pela qual estamos passando, os níveis de ansiedade vêm subindo drasticamente.

Na sociedade em que vivemos, acostumados a ter controle, a fazer planejamentos e, de alguma maneira, fixar nossa segurança nas coisas que acontecem ao nosso redor, agora nos deparamos com incertezas que ninguém pode nos responder, evidenciando a fragilidade daquilo que tentamos nos apegar, mesmo já  sabendo de antemão que nada é estável.

“Por mais que se tente arquitetar uma sociedade em que se logre o controle da angústia, da inospitalidade do mundo, da fluidez e liberdade humanas, da transmutação incessante dos sentidos de se ser, a empreitada é, de saída, irrealizável. O que é originário do modo de ser humano, por mais acobertado e represado que seja, é reivindicante sempre e irrompe, sutil ou violento, nos momentos e circunstâncias os mais inesperados.
(Dulce Mara Critelli in Analítica do sentido: uma aproximação e interpretação do real de orientação fenomenológica)

Frente a esse mar de incertezas e inseguranças, cabe a nós saber distinguir até que ponto nossa ansiedade está ocorrendo esporadicamente, como um episódio momentâneo, ou se esse estado emocional se apresenta entrelaçado em nossa vivência cotidiana, gerando problemas e incômodos frequentes. Ressaltamos esse ponto porque o transtorno de ansiedade deve ser olhado com bastante atenção e, em casos mais severos, é aconselhável que a pessoa busque acompanhamento psicológico e psiquiátrico.

Nessa direção, as constelações familiares realizam um trabalho extremamente cauteloso, porém objetivo e firme. Quando o paciente chega com uma demanda que aponta para sintomas ou sensações que dão indícios de um possível quadro de ansiedade, o constelador atento vai buscar, com o consultante, o momento no qual a ansiedade passou a ser protagonista na vida dele.

O motivo pode estar ancorado em algum tipo de trauma ou vivência que marcou sua vida. Assim, por meio do campo aberto e do trabalho realizado pela constelação, o consultante pode olhar para aquilo que aconteceu, acolher a situação e, com o constelador, reposicionar as dinâmicas presentes para desemaranhar o que causa o sofrimento que está sentindo.

Sendo assim, o compromisso ético de cuidado a favor da vida que as constelações familiares desempenham em transtornos diversos, como os de ansiedade, é fundamental uma postura que os consteladores, reconhecendo seu papel e importância, devem adotar para tentar da melhor forma possível ajudar o outro que sofre e quer ser ajudado.