Para 2022, vamos repensar esse fantasma dos encontros
“É uma daquelas coisas em que você simplesmente diz: ‘Não posso acreditar que isso está acontecendo comigo’”, declarou a atriz Nicole Kidman, em 2001, quando Tom Cruise lhe pediu o divórcio. Pouco tempo depois, enquanto ela vivia uma depressão, ele posava ao lado da musa espanhola Penélope Cruz.
C‘est la vie. Até Nicole Kidman – na época, um ícone de beleza e talento para além das estreitezas das comédias românticas hollywoodianas –, sofreu com a “rejeição”. A arte e os tabloides estão repletos de exemplos desse desencontro. E a nossa vida também. Mas será mesmo “rejeição” o termo correto para isso? Será que escolhemos rejeitar ou desejar alguém ou alguma coisa?
Força maior
Ter um relacionamento afetivo saudável foi um dos temas mais recorrentes das constelações familiares, no Instituto Koziner, em 2021. Muitas pessoas relataram o trauma de ter vivido uma relação infeliz e o medo de tentar novamente; receio, principalmente, do abandono, como se o outro agisse de propósito.
A psicanálise e as constelações familiares, entretanto, parecem concordar que o desejo não é uma escolha. E essa é uma afirmação libertadora, você não acha? Desse ponto de vista, o outro não pode escolher me amar ou não me amar. Então, não poderia haver rejeição.
Podemos supor o porquê somos atraídos por, por exemplo, pessoas indisponíveis – um amor interrompido com a mãe? Uma identificação com o primeiro amor do pai? Um amor matricial traumático? –, e até trabalhar os emaranhamentos que nos prendem a essa indisponibilidade para, então, viver encontros mais plenos, mas escolher a quem vamos desejar…? Não.
Para Hellinger, estamos a serviço
“Por trás de tudo atua uma força criadora”, diz Bert Hellinger, no livro “Um lugar para os excluídos” (editora Atman), referindo ao nosso destino. “Temos a marca de nossos pais e do campo onde nos movemos. Os antepassados estão presentes, os mortos estão presentes, nossas ações estão presentes, tudo está presente. É nisso que nos movemos.”
Se, por um lado, esse pensamento pode parecer uma prisão; por outro, pode nos libertar e nos tornar mais humildes. “Quando imagino que posso decidir livremente as coisas em minha vida, torno-me pequeno aos meus próprios olhos – pequeno e insignificante. Estou envolvido nesses grandes movimentos, na fila dos ancestrais, na família, e esse envolvimento não depende de minha livre vontade. Simplesmente estou dentro disso e também coloco algo em movimento. Em que medida posso atribuir isso a mim, parece-me irrelevante”, diz Hellinger.
O que a vida quer de nós
Por mais interessantes que tentemos nos tornar para satisfazer alguém, não temos como corresponder à fantasia inconsciente dele; e vice-versa. Isso não quer dizer, entretanto, que não possamos nos relacionar respeitosa e ecologicamente com aqueles que entram e se despedem de nossas vidas. Com eles, seguimos, criamos, cocriamos, aprendemos pelo tempo que nos é permitido.
O constelador e psiquiatra Mario Koziner, falando sobre missões, faz uma inversão interessante. Segundo ele, em vez de perguntarmos: “o que quero fazer da vida”, deveríamos nos perguntar: “o que a vida quer fazer de mim?”
Como você se sente, fazendo essa pergunta?
Se há algo que podemos fazer é conhecer o nosso desejo, nossas luzes e sombras. Tornar cada vez mais conscientes nossas escolhas inconscientes, nossas forças e fragilidades. E fazer algo bom delas, fazer bem o que a vida espera de nós.
Por Adriana Bernardino.
Acredito que nada, em nossas vidas, acontece por acaso. Cada situação tem algo a ensinar. Há cerca de cinco anos passei por um divórcio. Não foi fácil. Senti-me traída. Hoje, não me sinto vítima de tudo o que aconteceu. Todos os dias me questiono:” O que o Universo me quis mostrar com esta situação”? O que tenho a aprender?
A questão é exatamente essa. O que posso aprender com o que a vida me fez passar?
Olá Fernanda, boa tarde! Tudo bem?
Obrigada por sua partilha! O trabalho que realizamos com nós mesmos é o mais intenso, toda a percepção faz parte.
Gratidão por sua presença.