“E quero que escolhas um momento no passado em que tu eras uma menina muito, muito pequena. E a minha voz irá contigo. E a minha voz se cornará a voz dos teus pais, teus vizinhos, teus amigos, teus colegas de escola, teus colegas de brincadeiras, tuas professoras. E quero que te vejas sentada na sala de aula, uma menina pequena que se sente contente com alguma coisa, algo que aconteceu há muito tempo, algo que já tinhas esquecido há muito tempo.”

(Milton H. Erickson)

As constelações familiares são fruto da passagem de Bert Hellinger por diversas escolas psicoterápicas e filosóficas. Em alguns de seus livros, Hellinger conta como cada uma delas foi importante para aquilo que ele trouxe à luz com seu trabalho sistêmico. Uma dessas influências é o hipnoterapeuta americano Milton Erickson (1901-1980).

Reconhecido como um dos principais pioneiros da hipnoterapia moderna, o psiquiatra revolucionou o campo da psicoterapia com suas abordagens inovadoras e influentes.

Suas principais contribuições incluem a terapia ericksoniana, que enfatiza a utilização estratégica da linguagem, a hipnose terapêutica e a terapia breve, tornando-se famoso por sua habilidade em comunicar-se com o inconsciente dos pacientes.

Erickson deixou um legado significativo na área da psicoterapia, influenciando gerações de profissionais e abrindo novos caminhos para o tratamento de problemas psicológicos e emocionais.

Fascínio

Em “Um lugar para os excluídos” (ed. Atman), Hellinger conta a Gabriele ten Hövel o que exatamente o fascinou na abordagem ericksoniana: “Impressionaram-me o seu respeito pelo cliente e sua maneira de acompanhar o movimento dele“, diz Hellinger, com o seguinte exemplo: “quando alguém conta alguma coisa e, simultaneamente, sacode levemente a cabeça, muitas vezes não é verdade o que ele diz. Ou a pessoa faz que ‘sim’ com a cabeça, mas nega, com as palavras, o que eu afirmei. Então vejo que acertei.”

Ao explicar como essa observação o auxiliava durante as constelações, Hellinger relata:

“Numa constelação, pode acontecer que alguém recue um passo ou olhe por cima de alguém. Então, sei que devo introduzir ali outra pessoa. Esses pequenos movimentos são, muitas vezes, os mais importantes. E Milton Erickson imediatamente concordava com tudo o que o cliente mostrava. Reparava nos mínimos sinais corporais e lia neles a verdadeira questão do cliente, que muitas vezes é algo totalmente diferente da questão apresentada. Erickson conduzia o cliente por desvios, sem que fosse imediatamente visível aonde o caminho levava, até chegar ao que lhe correspondia de modo mais profundo.”

Hellinger também conta um caso: “Erickson foi procurado por um casal com problemas. Ele não disse nada e mandou-os fazer um passeio nas montanhas. Quando voltaram, perguntou por suas impressões. O homem disse: ‘Foi maravilhoso: a vista, a paisagem’. A mulher disse: ‘Como você pode dizer isso, foi terrivelmente enfadonho’. Erickson não comentou e os mandou para casa. Duas semanas depois estavam separados. É algo típico de Erickson.”

Sobre o uso da hipnoterapia nas constelações, Hellinger conta: “(…)acontece às vezes, sem planejamento. Por exemplo, dei um curso em Xangai, numa clínica psiquiátrica. Espontaneamente, um homem sentou-se ao meu lado e imediatamente caiu num transe profundo. Depois de um quarto de hora, ele abriu os olhos e agradeceu. Nenhuma palavra fora dita. Costumo falar com uma voz que estimula o recolhimento e utilizo apenas palavras simples. Também isso aprendi com Erickson.”

Outra influência observável do trabalho de Erickson em Bert são as histórias que o constelador conta ao ajudado e aos participantes para ajudar a introjetar uma ideia, como numa espécie de contos didáticos que dialogam com a alma. Eles certamente contribuíam para o impacto que as constelações realizadas por Bert causavam.

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