“Elementos” é a mais recente animação da Disney e Pixar, que mergulha nas complexidades da convivência entre diferenças e nos desafia a refletir sobre os limites da consciência pessoal.

Inspirado na vida do diretor Peter Sohn, cuja família imigrou da Coreia para os Estados Unidos, o filme nos transporta para um mundo onde os elementos da natureza – fogo, água, ar e terra – encontram um lugar para coexistir, apesar das diferenças.

Assim como outras animações aclamadas da Disney e Pixar (veja nosso artigo sobre “Encanto”), “Elemento” aborda diferentes níveis de consciência.

Se em “Encanto” exploramos a consciência sistêmica, neste filme podemos mergulhar na consciência pessoal, também conhecida como consciência menor.

Segundo as ideias propostas por Hellinger, temos três consciências: pessoal, sistêmica e espiritual. A consciência pessoal se refere às pessoas com as quais nos sentimos conectados – nossa família, por exemplo – e engloba seus costumes, tradições e crenças.

Transpondo abismos

Nesse nível de consciência, o bom e o mau podem ter significados diferentes, dependendo da história de cada família. Por isso, diz Hellinger, podemos cometer “ações más com boa consciência e ações boas com má consciência”, quando servem ao vínculo que nos une ao grupo importante para nossa sobrevivência.

Na animação, essas diferenças são metaforicamente representadas pelos elementos da natureza. A personagem Ember, que pertence à família do fogo, e Wade, um cara do elemento água, se apaixonam.

O encontro entre essas criaturas tão contrastantes desafia os protagonistas a enfrentarem e a superarem obstáculos aparentemente intransponíveis.

“Nenhuma diferença é intransponível, desde que haja amor em ordem. No filme, Wade, elemento da água, também traz em si o fogo, o fogo do amor que torna possível a aceitação e a superação”, diz Eliane Dell’Omo, professora do curso de formação em constelações do Instituto Koziner.

Desejo de pertencimento

Além do desafio com o primeiro amor, Ember também se vê em outra encruzilhada: ter de assumir a loja que seu pai, Bernie, dedicou a vida inteira para construir.

Ela, entretanto, descobre que, talvez, queira um caminho diferent para si. O que Ember não sabe é que essa luta interna ecoa na experiência de Bernie com o seu próprio pai.

Bernie deixou sua terra natal em busca de uma nova vida na cidade, uma decisão que desagradou seu pai.

A preocupação de Ember ao se apaixonar por alguém tão diferente e ao seguir seu próprio caminho na vida está enraizada no medo de perder o sentido de pertencimento ao grupo. “Eu não sou uma boa filha”, ela repete angustiadamente.  Como mantemos nossas tradições, o que fomos até ali, nesse encontro como novo? Seja uma nova terra ou um amor?

Superando limites

Como pontua Hellinger, “o bem que reconcilia e promove a paz precisa superar os limites que a consciência nos impõe por meio do vínculo a grupos particulares”. O filme mostra uma boa postura para isso.

“Então é sobre ser um recém-chegado… Chegar a uma nova terra, ser estrangeiro em uma nova terra e como você se ajusta. O que você leva de casa e mantém em termos de tradições”, diz Denise Ream, produtora do filme, em entrevista ao site Olhar Digital .

 

Aprenda mais sobre consciência neste vídeo.