A mãe é a porta de entrada para a vida;o pai, o portal para o mundo.

 

Todos nós temos um pai biológico que nos deu vida. Se nós o conhecemos ou não, se o julgamos a melhor pessoa do mundo, ou a pior delas, ainda assim ele nos influencia mais do que percebemos ou desejamos (faça o exercício no final do artigo).

Muitas pessoas, por terem vivido relações paternas difíceis – como ausência física ou emocional – acreditam que, uma vez interrompido o movimento até o pai, uma vez interrompido o amor, elas nunca mais poderão reconectar-se novamente com ele, especialmente porque imaginam que isso significaria uma aproximação física afetuosa, dizer “eu te amo”, chamar para jantar etc. Não se trata disso.

Trata-se de reconhecer e aceitar que aquele homem, com todas as suas complexidades, é o nosso pai. Por meio das lentes que as constelações nos oferecem, esse olhar mais amplo é possível. E muito necessário… De acordo com Bert Hellinger, a força que precisamos para nos realizar no mundo vem do pai.

Impactos de negar o pai

Julgar severamente aquele que nos deu a vida pode desencadear uma série de consequências em nossos relacionamentos e realizações. Afinal, ao o rejeitarmos (criticando, censurando ou o culpando), estamos agindo da mesma forma em relação à metade de nós mesmos. Somos metade pai e metade mãe, certo? Dessa rejeição, pode resultar um imenso vazio.

Bert Hellinger, depois de realizar centenas de constelações, observou que diversos vícios (alcoolismo, tabagismo, jogos, sexo etc.) estão, de alguma forma, relacionados à postura que adotamos (especialmente os homens) em relação ao pai e como preenchemos o lugar que não damos a ele.

“Somente na mão do pai a criança ganha um caminho para o mundo. As mães não podem fazê-lo. O amor dele não é cuidadoso nessa forma como é o amor da mãe. O Pai representa o espírito. Por isso, o olhar do pai vai para a amplitude. Enquanto a mãe se move dentro de uma área limitada, o pai nos leva para além desses limites para uma amplitude diferente.”

(Bert Hellinger)

Caminho de inclusão

Se a mãe é a porta de entrada para a vida, diz Hellinger, o pai é o portal para o mundo. Reconectar, em nossa alma, o movimento que outrora foi interrompido em direção a ele pode ser um grande desafio, mas ela vale a pena percorrê-lo.

Ao curar a ferida do pai, temos mais força para começar novos projetos, criarmos relacionamentos saudáveis, mudar de casa, de trabalho etc. Ao curar a ferida do pai e dar um lugar a ele no nosso coração, assim como ele é, ganhamos a força ocupar nosso lugar no mundo.

Podemos começar esse caminho reconhecendo sua contribuição para nossa existência. Já é um grande passo; o seguinte, é assumir a responsabilidade pelo nosso próprio bem-estar.

Exercício e meditação

  • Reserve um momento para se sintonizar com seu pai. Observe se os sentimentos que você tem em relação a ele são parecidos com aqueles que você sente sobre si mesmo quando precisa se posicionar no mundo e atingir seus objetivos.
  • Esqueça, por um momento, da figura do pai e olhe através dos olhos dele, em sua alma, como se fosse uma paisagem. Então, você diz para uma das suas duas metades:

“Querido papai, eu tomo a vida também de você, tudo, a totalidade, com tudo o que ela envolve, e pelo preço total que custou a você e que custa a mim. Vou fazer algo dela, para sua alegria. Que não tenha sido em vão! Eu a mantenho, honro e a transmitirei, se me for permitido, como você fez. Eu tomo você como meu pai, e você pode ter-me como seu(sua) filho(a). Você é o pai certo para mim. E eu sou o(a) filho(a) certo(a) para você. Você é o grande, eu sou o(a) pequeno(a). Você dá, eu tomo — querido papai. Eu me alegro porque você tomou minha mãe. Vocês dois são os certos para mim. Só vocês!”*

*Do livro “O amor do espírito”, Bert Hellinger (ed. Atman)

 

Quem consegue realizar esse ato, diz Hellinger, fica em paz consigo mesmo, sente-se certo e inteiro. Siga mais um pouco nesse caminho para tomar a força do seu pai, com essa meditação conduzida por mim.

 

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