A criação e aplicação das constelações familiares por Bert Hellinger trouxeram à luz leis universais que influenciam não apenas as dinâmicas familiares, mas também outras áreas da vida. Com algumas adaptações, essas leis têm sido aplicadas em diferentes contextos, como nas organizações, nas escolas, nos hospitais, no judiciário etc.

 

Confira os tipos de constelações mais usados ao redor do mundo:

 

 

 

 

1. Constelações Familiares

 

Abordagem terapêutica que busca revelar e resolver padrões disfuncionais presentes nas dinâmicas familiares. Desenvolvida por Bert Hellinger, pensador e psicoterapeuta alemão, essa técnica usa representantes para assumir os papéis dos membros da família do cliente, permitindo o diagnóstico e compreensão das dinâmicas familiares subjacentes, como identificação de desequilíbrios, segredos, lealdades ocultas e outras questões não resolvidas que afetam a família como um todo.

 

Durante uma sessão de constelação familiar, que pode ocorrer em grupo ou individualmente – com bonecos, âncoras espaciais ou visualização/internas (em nosso curso de formação, ensinamos cada uma delas) – os representantes interagem uns com os outros conforme são orientados pelo terapeuta.

Ao vivenciar as constelações familiares, o cliente é capaz de obter insights e percepções profundas sobre sua própria história familiar, bem como sobre seus relacionamentos e padrões comportamentais. Essa nova compreensão possibilita ao ajudado adotar uma nova postura diante do problema e, com isso, encontrar caminhos de solução.

Embora as constelações familiares não sejam baseadas em evidências científicas, muitas pessoas relatam benefícios significativos ao se constelar. Essa abordagem tem sido amplamente adotada em várias partes do mundo como um método poderoso para olhar para os conflitos, pois  a constelação oferece uma maneira única de explorar e transformar os laços familiares.

Algumas pessoas introduziram representantes e métodos pouco usuais às constelações, em substituição à pessoa, boneco ou âncora, caso das constelações com cavalos e constelações na água. Não temos nenhuma experiência com essas abordagens, portanto preferimos não opinar. Entretanto acreditamos que as constelações convencionais já englobam o suficiente.

 

 

 

 

2. Constelações Organizacionais

 

A primeira constelação organizacional ocorreu em 1995, quando Bert Hellinger foi convidado para aplicar as constelações familiares no contexto de trabalho. Hellinger delegou a tarefa a Gunthard Weber. Outros protagonistas dessa história são Matthias Varga von Kibéd  e sua esposa Insa Sparrer. Eles contribuíram para a adequação dessa abordagem em diferentes campos.

 

As organizações apresentam diferenças em relação aos sistemas familiares. Por exemplo: enquanto o pertencimento à família é inato e perdura mesmo após a morte, o pertencimento a uma organização é uma escolha e tem um caráter temporário. Isso torna os sistemas organizacionais mais complexos.

Além disso, ao decidir quem faz parte de um sistema, como na representação de uma constelação, é mais simples no contexto familiar do que em uma empresa. Mesmo quando um funcionário é demitido, seu impacto e influência no sistema organizacional podem exigir que ele seja considerado como um elemento ainda relevante.

As constelações organizacionais são uma ferramenta valiosa para ajudar a criar um ambiente de trabalho mais saudável, alinhar os objetivos individuais com os objetivos, fortalecer os relacionamentos entre os membros da equipe, aprimorar a efetividade das organizações e promover um ambiente de trabalho mais harmonioso, produtivo e bem-sucedido.

Nessa abordagem, são usados métodos como a constelação de tema desfocado, o tetralema, a constelação de polaridades de crenças ou “triângulo de valores”, a pergunta milagre etc.

 

 

 

 

3. Pedagogia Sistêmica

 

Abordagem inovadora que tem transformado a maneira como enxergamos a educação. Ela surgiu a partir da visão e experiência da terapeuta, pedagoga e professora Marianne Franke-Gricksch. Sua expertise em terapia familiar e sua busca por uma conexão mais profunda entre a família e a escola a levaram a explorar o conhecimento sistêmico-fenomenológico de Bert Hellinger e aplicá-lo em ambiente escolar.

 

As constelações familiares permitiram que a professora compreendesse melhor seus alunos, suas inserções nas dinâmicas familiares e a lealdade a elas. Além disso, ela reconheceu as forças que os alunos empregavam para conectar suas vidas familiares com a escola, e como essas forças poderiam ser frutíferas.

Em seu livro “Você é um de Nós”, Franke-Gricksch destaca a importância de incluir a família na dinâmica escolar, reconhecendo que a hierarquia natural existente é aquela entre pais e filhos.

A partir dessa abordagem, um novo olhar surgiu no sistema educativo, que passou a reconhecer a inter-relação entre a família e a escola. Franke-Gricksch percebeu que havia construído uma ponte sólida entre o lar e a sala de aula, proporcionando um ambiente acolhedor e familiar para as crianças.

 

 

 

 

 

4. Direito Sistêmico

 

Idealizado pelo juiz Sami Storch, o Direito Sistêmico surgiu como uma iniciativa inédita para trazer as técnicas das Constelações Familiares, desenvolvidas por Bert Hellinger, ao sistema judiciário brasileiro. Essa abordagem representa uma mudança paradigmática na forma como os conflitos são compreendidos e abordados, introduzindo uma perspectiva ampliada e humanizada ao campo jurídico.

 

Acredita-se que o Direito Sistêmico possa promover uma transformação profunda na maneira como lidamos com as questões jurídicas. Sua aplicabilidade abrange diversas áreas do Direito e pode ser utilizada em todas as fases dos conflitos. Seu alcance vai desde consultorias e elaboração de contratos até a gestão e solução de litígios, tanto no âmbito pré-processual quanto durante a tramitação de um processo judicial.

Embora suas raízes estejam no direito de família, o Direito Sistêmico demonstrou resultados positivos em áreas como relações empresariais, direito das sucessões, direito penal, relações civis, direito do trabalho e previdenciário, entre outros.

Ao adotar essa abordagem, é possível realizar um outro nível de diagnóstico das situações, trazendo à tona os vínculos, relações, emoções e papéis muitas vezes não reconhecidos adequadamente.

Além disso, a aplicação do Direito Sistêmico permite identificar as implicações inconscientes em ação e alcançar soluções efetivas. Seus princípios permitem uma intervenção ágil e eficiente, equilibrando e reordenando o sistema a partir das exclusões, desequilíbrios e desordens revelados.

 

5. Medicina Sistêmica

 

Sem intenção de substituir tratamentos médicos e psicológicos convencionais, essa abordagem é um complemento que visa contribuir para um olhar mais abrangente do paciente, pois busca compreender as relações e dinâmicas familiares para promover a cura e o crescimento pessoal.

 

A medicina sistêmica usa a representação espacial das relações familiares para identificar bloqueios emocionais e padrões disfuncionais que possam estar afetando a saúde e o bem-estar dos indivíduos.

Diferente da abordagem tradicional, a medicina sistêmica considera que sintomas e doenças são mensageiros que refletem aspectos mais amplos do sistema familiar e individual. A constelação familiar permite que as pessoas observem e compreendam essas mensagens, ajudando-as a se reconciliarem com suas culpas e destinos.

A prática tem se expandido. Ano passado, pesquisadores do HC-UFG recrutaram voluntárias para projeto de pesquisa sobre constelação familiar e dor pélvica crônica.

 

6. Constelação Xamânica

A ideia central é representar partes do sistema – ou dos sonhos –  com pessoas ou objetos, permitindo que os participantes se conectem com as energias e informações dessas partes e do sistema como um todo.

As constelações xamânicas são frequentemente realizadas em círculos de pessoas que se reúnem de maneira sagrada para servir a suas famílias ou comunidades. O facilitador conecta-se ao campo da questão e forma uma avaliação por meio dos representantes, revelando a estrutura oculta dos relacionamentos no sistema.

Os representantes seguem a sabedoria de seus corpos, movendo-se e se posicionando de acordo com os impulsos que recebem do campo do sistema.

Assim como no trabalho xamânico, as habilidades “mediúnicas” dos participantes são ativadas, permitindo que eles recebam, traduzam e relatem energias e campos por meio de seus sentidos e memórias mentais e corporais.

Em “O amor do espírito” (ed. Atman), Bert Hellinger cita Daan van Kampenhout, autor de “A cura vem de fora”, como um nome da constelação xamâmica. Descreve também um dos métodos de resolução criados por ele.