Não é a experiência traumática em si que é transmitida, mas sim a ansiedade e a visão de mundo daqueles que sofrem o trauma.

Muita gente “torce o nariz” ao ouvir que um problema de ordem mental ou emocional pode estar relacionado a traumas vividos por familiares em gerações anteriores.

Porém, de acordo com uma reportagem publicada no “The Washington Post”, pesquisam comprovaram que existe, de fato, um vínculo entre experiências traumáticas passadas e as feridas emocionais das gerações seguintes.

De onde vem o trauma intergeracional?

Quando o assunto é a origem do trauma, os estudiosos apontam a biologia, comportamentos aprendidos e até mesmo experiências coletivas de um grupo.

Um estudo impressionante mostra, por exemplo, que muitos sobreviventes do Holocausto desenvolveram a crença de que o mundo é um lugar perigoso, onde coisas terríveis podem acontecer a qualquer momento.

O que acontecem então? Intuitivamente, os filhos captam essa visão de mundo, como se seguissem pistas emocioanais tramitidas pelos pais. Com isso, eles se tornam uma espécie de  “detectores de ansiedade”.

Tataranetos de pessoas escravizadas

Como já vimos em diversas constelações familiares com netos e bisnetos de escravos, as pesquisas mostram que até mesmo os tataranetos de pessoas escravizadas podem experimentar a ansiedade e o medo de seus pais em relação aos perigos do mundo.

O trauma dos pais, ao que tudo indica, pode  deixar uma ferida emocional no corpo de uma criança, fazendo com que ela perceba o mundo como um lugar perigoso, mesmo sem compreender ainda esses perigos.

Ansiedade de pai para filho

De acordo com Ed Tronick, psicólogo na Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts, um ponto importante a se destacar é que não é a experiência traumática em si que é transmitida, mas sim sua ansiedade e a visão de mundo.

É sobre essa dinâmica – na maioria das vezes oculta – diante do que aconteceu anteriormente com nossos familiares que trata a constelação familiar. Ela é uma ferramenta que nos possibilita ressignificar nossa postura diante da história de nossos antepassados para, então, seguirmos adiante mais livres.

E você? Percebe que carrega em sua visão de mundo traumas de seus ancestrais? Conta pra gente!

Fonte: Washington Post